O dia está apenas começando. Alguns passarinhos cantam, festejando mais uma manhã. Lentamente, ele se levanta, abre a janela do quarto e deixa os raios do sol invadir o cômodo. Para muitas pessoas, ele não trabalha, não faz nada. Mas depois de tomar o café, ele começa mais uma jornada.
No silêncio de sua casa, aos poucos, uma nova história começa. Ela pode ser triste, alegre, envolvente... É mais uma história, contada de maneira simples. Dali, da casa humilde, rodeada de árvores e com alguns passarinhos cantando, nasce mais um livro. A rotina dele, escritor, é difícil, embora muitos dizem que não. Ficar em casa e escrever requer concentração e disciplina.
Ele é o chefe. Ele é o colega de trabalho. Ele é o trabalhador. A sua casa é a empresa. No fim do dia, vem o alívio de reler tudo que foi escrito. E então, ele devaneia... Será que vão gostar? Será que vão ler? Será que vai vender? Será que vai agradar?
Num rompante, ele apaga tudo que escreveu! Considera que ficou uma porcaria! Recomeça a escrever... Agora, já não tem a mesma concentração de antes. A raiva por ter escrito algo tão ruim o invade. O barulho do teclado é interrompido. A produção para. A máquina ascende a luz vermelha. Se fosse numa empresa, os mecânicos dariam um jeito na máquina. Mas ele, escritor, não tem mecânico.
O texto fica interrompido. As horas vão avançando. Se fosse uma empresa, talvez teria hora extra. Mas não tem. Ele escreve até a madrugada, uma jornada de trabalho que começou cedo, com o raiar do sol e se estendeu até o silêncio da madrugada. Os olhos ardem, a cadeira já não é tão confortável... Logo, o sol vai nascer de novo. Os passarinhos vão cantar... Ele só conseguiu escrever uma página.
Hora de reler o que foi escrito. Ficou ótimo! Valeu a pena ter ficado tantas horas na frente do computador. Sim, valeu e muito.
Quando o livro chegar nas mãos dos leitores, não vai ter nenhuma marca de todo esse sofrimento. Quem escreve não quer isso. Quem escreve quer encantar. Quem escreve quer levar pessoas para o seu mundo, numa viagem fantástica...
Pena que nem sempre as pessoas querem viajar. Algumas só querem encontrar alguma coisa errada para dizer que o serviço não foi bem executado. Mas tudo bem, isso faz parte. Ele sabe que será criticado. Mas também sabe que será elogiado.
Escrever é isso: é apaixonante, é cruel, é divino. ESCREVER É TRABALHO!
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