Relembrar a infância é algo muito bom. A nossa versão jovem é algo engraçado de relembrar, já que, na maioria das vezes, éramos corajosos que só vendo... O tempo vai nos deixando covardes e preguiçosos. Particularmente, nunca fui corajoso. Morria de medo só de pensar em contrariar uma orientação da minha mãe e da minha avó sobre qualquer coisa, principalmente comida.
— Evita comer muito na janta, menino! Pra vomitar de noite é dois palitos! — aconselhava vovó.
Só de ouvir essas palavras, eu já tinha a impressão que estava prestes a vomitar. Então, comia pouco, segundos depois, já estava com fome e não podia nem falar, porque a bronca mais pesada era certa:
— Por um acaso já não comeu?! Que mania de viver com fome!
Ah, a infância... Hoje é engraçado lembrar disso. Na época, dava vontade de socar qualquer coisa, para ver se a raiva ia embora.
Sem contar na quantidade enorme de chá. Nossa, era chá para todo tipo de dor.
— Meu dente tá doendo.
— Chá de folha de batata-doce é bom.
O chá era horrível! A dor no dente ia embora, mas o gosto horrível do chá ficava na boca por um bom tempo. E tinha mais bronca:
— Vive chupando gelo, por isso o dente dói.
Lembra da possibilidade de vomitar durante a noite? Se isso acontecesse, lá vinha outro chá.
— Chá de boldo é ótimo pra acabar com o vômito. Se não quiser tomar o chá, mastiga uma folha que passa...
Nem precisava mastigar a folha e nem fazer chá; o cheiro da folha já era suficiente para melhorar. Ah, troço ruim!
Hoje só resta lembranças. As broncas de mamãe ficaram lá no passado. Assim como os conselhos de vovó. Também em algum lugar do passado, ficou todos os chás e o medo de comer bastante no jantar.
É assim mesmo, tudo passa. E só fica as lembranças de uma infância feliz. Pena que ela não volta mais.
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Até breve,
Vander Christian
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