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P.S


Caneta, sua tampa e folhas de lavanda sobre folhas de papel com rabiscos
Imagem de Bruno /Germany por Pixabay

Parece ser requisito básico para todas as pessoas terem parentes morando em cidades distantes, que na maioria das vezes, é o tipo de lugar que nem o correios chega.

Como essas pessoas foram morar lá? Como conseguem viver? Por que não mudam para outra cidade?


— Apesar de tudo, sou feliz aqui — disse meu tio. E essa resposta, basta para todas as outras perguntas.


O grande problema é saber notícias dessas pessoas que moram distantes. No passado, uma folha de caderno e um envelope, resolvia.

— Mais tarde vou escrever uma carta pra sua avó — dizia mamãe, tirando uma folha do meu caderno. E quando o “mais tarde” chegava, eu me posicionava ao lado dela para acompanhar o desenrolar da carta.

Olá, mãe, como a senhora está? Por aqui está tudo bem...

Dessa forma, a carta ia sendo escrita lentamente; algumas vezes era preciso pegar outra folha de caderno, já que a quantidade de palavras riscadas tornavam o texto pouco legível. O que mais eu gostava nas cartas era o final, quando no intervalo de três linhas em branco, vinha o P.S e alguma novidade sobre um acontecimento. Se fosse eu que escrevesse as cartas, deixaria sempre um P.S para o final, ainda que não tivesse novidade nenhuma para contar. Na minha opinião, o P.S era o charme da carta; o charme por estar de posse de uma informação relevante, enquanto a outra pessoa, distante, não sabia de nada.


— Espero que ela responda logo — dizia mamãe, depois de colar os selos com imagens de algum ponto turístico do Brasil, no envelope.

E a resposta demorava a chegar.

Olá, filha, por aqui está tudo bem...

E no final da carta, lá estava ele:


P.S:

Fiquei feliz de receber sua carta. Você demora muito pra mandar notícias...


E não era fácil escrever. Lembro que os selos eram caríssimos. Por isso não dava para toda semana enviar uma carta contando qualquer coisa.

E assim seguia a comunicação. A angústia por resposta era grande. A dúvida se a outra pessoa tinha recebido a carta, era maior ainda.

Hoje, uma mensagem no WhatsApp já resolve.

P.S:

Se a pessoa tiver acesso a internet, é claro.





 

Obrigado pela companhia :)


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Até breve,

Vander Christian





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