Houve um tempo em que eu acordava com a vinheta de um programa de rádio durante a manhã. Era o meu pai, que estava se aprontando para mais um dia de trabalho. Meu pai não perdia tempo, se arrumava rápido, tomava café sem demora e saía na madrugada silenciosa. Passado alguns minutos que ele tinha saído, o sono chegava e eu adormecia novamente.
Mais ou menos uma hora e meia depois eu me despertava de novo. Agora não tinha jeito, tinha que levantar. Era hora de ir para a escola. Acordava assim, sem nenhum despertador, sem ninguém chamar. Era dessa forma, ainda não existia celular. Eu sentia que o meu relógio biológico estava funcionando normalmente; sinal que as pilhas estavam em perfeito estado. Na escola eu era raridade. A maioria dos alunos contavam com a ajuda de alguém para acordar e ainda diziam, que não tinham o costume de acordar antes, tipo na hora que o pai e a mãe estavam saindo para o trabalho.
Quando comecei a trabalhar usei a mesma tática. Me sentia orgulhoso por isso. Não precisava programar o celular para despertar no outro dia e nem usar nenhum tipo de despertador chato, desses que saem dançando em cima da mesinha, fazendo um barulho daqueles!
Contudo, isso foi antes. Agora perdi o hábito. Se não tiver um despertador para indicar a hora de levantar, provavelmente eu vou acordar atrasado. O meu relógio biológico não aceita mais as pilhas, deve ter trocado de modelo e ainda não consegui encontrar o modelo correto de pilha para fazê-lo funcionar.
Talvez a resposta para o relógio não funcionar mais seja o fato de agora eu estou mais cansado do que antes. Sendo assim, não existe modelo de pilha nenhum que vai colocar o meu relógio em funcionamento. Não sou unanimidade, todos por aí dependem do celular para acordar, sem ele a correria está garantida antes de sair de casa...
Enquanto isso, fico esperando uma vinheta de rádio me acordar, mas o problema é que o rádio também está sem pilha...